quinta-feira, 13 de março de 2008

Descobertas...aos poucos,dia-a-dia,se levanta um pouco o que nos cobre a visão...


Não sei. Mas dizem que desde a gestação a criança sente os sentimentos da mãe, as energias ao redor dela, as impressões circunstanciais... que literalmente ficam impressas no feto. É, se esta tese existe de fato, posso ser a prática e a prova dela.
Enquanto no útero, minha mãe sentia a “morte” de sua própria mãe. Aquela, que me vira com míseros três meses por ultra-som e me comparara a um certo ser;belo,de forma tão carinhosa.
Foi-se. E eu ali,a esperar mais seis meses para sair ao mundo que minha avó tão pouco tempo atrás deixara...claro,não por obra do acaso,talvez trouxesse a minha mãe um pouco de vida. Mesmo que depressões pós parto e pós tantas coisas negassem isso.
As conexões, o que se criou a partir de cada situação e fato vivido, a formação do que chamo caráter, tudo respirava vida, sufocada; mas vida.
E por falar em sufocar com certeza também não foi obra do acaso que desenvolvi-me e nasci assim, comprimida pela pressão... pressão alta de minha geradora,que ao me fazer vir a esta suposta luz, não pôde impedir-me de sufocar e de precisar de cuidados respiratórios instantaneamente.
Claro, isso me deixou seqüelas...e deram o diagnóstico de que demoraria mais para andar. E o tempo faria notar que minha coordenação motora deixaria a desejar... rsrsrs.
Pois bem, passos lentos, raciocínio desenvolto. Os anos mostraram aquilo que se pode superar, aquilo que não nos vem ao caso. “Que o Senhor me dê serenidade para aceitar aquilo que não se pode mudar, coragem para mudar o que posso e sabedoria para distinguir a diferença”.
Ah, o Senhor... quantas vezes Lhe indaguei onde era luz,onde escuridão,se trocava de fato um lugar pelo outro. E de indagações não me privo até hoje.
Embora me inquietem, elas me garantiram a independência, a vida simples, mas pessoal e particular que hoje me cabe.
Pois bem, o tempo passou e a inversão de papéis chegou... Chegou à hora da Mãe reunir-se àquela de quem um dia precisou separar-se... E visitar onde a filha estivera....Seria a luz,antes da escuridão?Ou a escuridão, antes da luz? Talvez exista só luz, a escuridão seja mesmo projeção apenas...
Então as indagações, mais do que nunca, se apresentaram... Sensações, fatos, pessoas com quem cruzava lembravam-lhe aquele olhar de imensidão, aquela não nítida visão de que algo além existia por detrás de todos os ciclos, os tormentos, as escolhas.
Quantas vãs escolhas, mas necessárias... para provar ao ser difuso o que era necessário aprender,empreender,aceitar,transformar...
Quantas belas escolhas,belos momentos, eternos,que nunca irão se apagar.
De nenhum arrependia-se...
Mas a visão não nítida, ah! Seria ela a causadora das incompreensões,
da não aceitação de que certos seres humanos agissem tão friamente frente aos investimentos extra-físicos e de invisíveis,infinitos espaços que ela procurava,tentava... doar,perceber,transcender?
Se é de tempo que se necessita para se ter razão, este ser não o sabe. Entendeu à duras penas que a razão apenas é, integrante de um ser inteiro,físico,mental,emocional,espiritual. Aprendeu, também sem falsos (e até sinceros) sorrisinhos que o tempo existe somente para aqueles que nele acreditam, para quando necessário e para o necessário... fora disso,não há limitação. É a nossa roupagem humana que nos vincula a falsas idéias, ilusões errôneas que desnorteiam por vezes toda uma vida.

Ah, impressões... venho informada que no papel leva-se de três a seis meses para se decomporem...em um pano,de seis meses a um ano...no vidro,um milhão de anos... E em mim, Senhor... e em mim?

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