sábado, 27 de junho de 2009

Cinzas...


Estava num olhar perdido que sob a luz e a roupa cinza,me transmitiam uma visão do sagrado. Dormia por sobre este mesmo azul de olhos marejados de incompreensões. Era a cor que exalava uma essência de um ser contraditório. E falar a palavra cinza me fazia estimar a dor de não poder segurá-la contra mim. Dispersas eram as sensações, mas imensas ,imensuráveis. Apareceram também quando depois do calor de tantas trocas, algumas coisas sobraram. Sobrara o vazio de querer a atenção daquele intenso fogo que almas irmãs alimentaramm. E que não mais se saciam,por sobrar a impossibilidade de estarem juntas. Sobrava a descrença em um futuro promissor. E insistentemente sobrava a tristeza por ver mudada a face branca de paz profunda em negro -cinza,que se afastava de mim. Em cinza ficou aquela impressão de que poderia ter sempre aquela mesma pessoa com quem contar. Cinza o meu amor, retrato de grandes chamas, resultado de grandes decepções que fiz valer. A auto afirmação riscou o fogo da transformação, o medo de não suportar a vida, de não mudança,alimentaram as labaredas. E transformou-se em fim o que eu supunha eterno. Sem clareza de detalhes, sem as tonalidades esperadas, com a separação certeira de luz e sombra,ofertou-me a sombra das dúvidas que um dia esperei nunca ter. A vivacidade,o ardor,a impetuosidade de ser o que se é,de amar intocavelmente... Eram, agora,cinza apenas.