sexta-feira, 28 de março de 2008

As grades do medo e do egoísmo.


É fácil dizer a todos que acredita em tantas coisas,que tem coragem para enfrentar as mais variadas situações,que com você as coisas correm sempre bem,que a preguiça não te ataca nem mesmo a má vontade em agir perante algumas circunstâncias. Mas como já disse alguém, "há uma grande ponte entre falar e fazer". Basta passar por uma situação em que precise das pessoas,basta precisar do testemunho de alguém para defender-lhe de um ataque que tantos viram,dentre estes tantos não se encontra um que tenha a atitude de enfrentar a situação e ficar do seu lado ou,ocasionalmente ,encontrará apenas alguém elevado o suficiente para não permitir-se a omissão.
Em reuniões de meu trabalho,muitos levantam as vozes para falar do acontecimento do dia,querendo demonstrar com suas palavras o quanto faz e "É" dentro de seu ambiente profissional...Mas quando se fala em união perante a humilhação de um dos nossos,ou mesmo de um ser humano,que tem vida como nós, as vozes se calam. Em palestras tantos depoimentos sobre fatos bonitos e felizes,mas ali,no dia-a-dia,quem é mesmo que cumpre tudo que sua consciência lhe dita como certa,esta,que ninguém nos pode roubar a não ser nós mesmos? Estou indignada,e mesmo que ninguém leia, aqui está uma das minhas formas de desabafo.É bom viver e agir sempre de forma a não precisar de ninguém,a adquirir independência o quanto possas pois quando precisares,na prática,de alguém que te defenda,poucos serão aqueles que NÃO se acovardarão.Nem de longe estou pregando a auto-suficiência,porque esta também não me é bem vista,pensar que se pode tudo sozinho é no mínimo,um ato de egoísmo. Mas infelizmente a realidade nos pede firmeza,que sejamos capazes de arrancar fora as ervas daninhas o quanto pudermos,e virar mesas de templos humanos irracionais,dentro de cada um,como fez Jesus com atitude ao mandar fora os mercadores...Atitude?Não sei mais onde encontro isso,está cada vez mais rara. E depois ainda perguntam por que a justiça em nosso país é tão ruim ou porque existem tantas pessoas que abusam do poder,da falta de bom senso, da liberdade que possuem mas que esquecem que termina "quando começa a do outro" e do quanto o respeito hoje em dia virou um artigo de luxo.

Tão bem retrata este meu sentimento,depois de passar por delicada situação o poema "No Caminho, com Maiakóvski" que era (quase) sempre creditado ao russo Vladimir Maiakóvski (1893-1930)e que hoje dizem ser de Eduardo Alves da Costa,brasileiro. Não sei de quem é ,mas o sentimento humano presente independe dos nomes,creio que muitos de nós sentimos isso...


"[...]

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."


Fotos[ Do Blog maravilhoso da Cris: http://www.pedacosdepessoa.blogger.com.br/)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Descobertas...aos poucos,dia-a-dia,se levanta um pouco o que nos cobre a visão...


Não sei. Mas dizem que desde a gestação a criança sente os sentimentos da mãe, as energias ao redor dela, as impressões circunstanciais... que literalmente ficam impressas no feto. É, se esta tese existe de fato, posso ser a prática e a prova dela.
Enquanto no útero, minha mãe sentia a “morte” de sua própria mãe. Aquela, que me vira com míseros três meses por ultra-som e me comparara a um certo ser;belo,de forma tão carinhosa.
Foi-se. E eu ali,a esperar mais seis meses para sair ao mundo que minha avó tão pouco tempo atrás deixara...claro,não por obra do acaso,talvez trouxesse a minha mãe um pouco de vida. Mesmo que depressões pós parto e pós tantas coisas negassem isso.
As conexões, o que se criou a partir de cada situação e fato vivido, a formação do que chamo caráter, tudo respirava vida, sufocada; mas vida.
E por falar em sufocar com certeza também não foi obra do acaso que desenvolvi-me e nasci assim, comprimida pela pressão... pressão alta de minha geradora,que ao me fazer vir a esta suposta luz, não pôde impedir-me de sufocar e de precisar de cuidados respiratórios instantaneamente.
Claro, isso me deixou seqüelas...e deram o diagnóstico de que demoraria mais para andar. E o tempo faria notar que minha coordenação motora deixaria a desejar... rsrsrs.
Pois bem, passos lentos, raciocínio desenvolto. Os anos mostraram aquilo que se pode superar, aquilo que não nos vem ao caso. “Que o Senhor me dê serenidade para aceitar aquilo que não se pode mudar, coragem para mudar o que posso e sabedoria para distinguir a diferença”.
Ah, o Senhor... quantas vezes Lhe indaguei onde era luz,onde escuridão,se trocava de fato um lugar pelo outro. E de indagações não me privo até hoje.
Embora me inquietem, elas me garantiram a independência, a vida simples, mas pessoal e particular que hoje me cabe.
Pois bem, o tempo passou e a inversão de papéis chegou... Chegou à hora da Mãe reunir-se àquela de quem um dia precisou separar-se... E visitar onde a filha estivera....Seria a luz,antes da escuridão?Ou a escuridão, antes da luz? Talvez exista só luz, a escuridão seja mesmo projeção apenas...
Então as indagações, mais do que nunca, se apresentaram... Sensações, fatos, pessoas com quem cruzava lembravam-lhe aquele olhar de imensidão, aquela não nítida visão de que algo além existia por detrás de todos os ciclos, os tormentos, as escolhas.
Quantas vãs escolhas, mas necessárias... para provar ao ser difuso o que era necessário aprender,empreender,aceitar,transformar...
Quantas belas escolhas,belos momentos, eternos,que nunca irão se apagar.
De nenhum arrependia-se...
Mas a visão não nítida, ah! Seria ela a causadora das incompreensões,
da não aceitação de que certos seres humanos agissem tão friamente frente aos investimentos extra-físicos e de invisíveis,infinitos espaços que ela procurava,tentava... doar,perceber,transcender?
Se é de tempo que se necessita para se ter razão, este ser não o sabe. Entendeu à duras penas que a razão apenas é, integrante de um ser inteiro,físico,mental,emocional,espiritual. Aprendeu, também sem falsos (e até sinceros) sorrisinhos que o tempo existe somente para aqueles que nele acreditam, para quando necessário e para o necessário... fora disso,não há limitação. É a nossa roupagem humana que nos vincula a falsas idéias, ilusões errôneas que desnorteiam por vezes toda uma vida.

Ah, impressões... venho informada que no papel leva-se de três a seis meses para se decomporem...em um pano,de seis meses a um ano...no vidro,um milhão de anos... E em mim, Senhor... e em mim?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Estranhamento...


Um dia,chegam até você,conquistam,cativam,informam com os olhos,olham no fundo e demonstram a alma em formação,buscando estruturar-se sobre verdades eternas,internas,viventes e inquietantes que nos absorvem uma entrega,um modo de vida limpo,claro,ordenado e real...

Ah,real?Considere-se real tudo aquilo que tem valor pra você,que títulos não podem vangloriar,mas a atenção e o cuidado são capazes de reconhecer...

Onde é que foi parar o meu real?

Eu o vejo brilhar vez em quando...como um espelho ao sol na mão de uma criança:se a luz chega,reflete aqui e ali...se não,nada reflete...

Quão grande é o peso de não poder ver-se livre do efêmero,de um real conturbado por ilusões...de um irreal confuso e caótico...

As pessoas não sabem o que amar,não sabem a que amar,entopem-se de mentiras usuais,despem-se da verdade,nem mesmo a busca ...quase não existe...

Se estou sendo crítica e julgando sem saber?

Assegure-se de que seus olhos estão bem abertos e veja com precisão a enxurrada de bobagens que hoje tanta gente valoriza,aquisições que dão prazer de segundos,logo são postas de lado e a frequência...ah...

A frequência...o que dura,perdura,permanece...isso pertence às grandes almas...

E eu,nem sei o tamanho da minha...

Mas sim,tenho olhos...e agora,estão abertos...e eles têm sede...

(Cuidado comigo...hahaha...eu posso muito bem cutucar os seus demônios)

domingo, 23 de setembro de 2007

E Eu,como sou vista?


Não,não estou querendo que me vejam e me rotulem...há tanto tempo fujo disso...rótulos,limites,previsões,encarnações...hahahaha.

Mas como são vistos os seres em geral,os que querem e os que não querem evoluir...?!?
Nesta foto aí está Sajani Shakya, 10 anos, que é vista como "uma manifestação terrena da deusa indiana Kali"

E nós,meu Deus...somos manifestações de tudo aquilo que Desejas?

Como fazer você crescer,sem te machucar...




Eu posso muito bem te fazer olhar para o meu valor mostrando quantos nomes de fato me procuram,deixar em sua vista os interesses,as oportunidades,as circunstâncias que posso muito bem criar com palavras manipuladoras diante de pessoas não livres.

Eu posso anunicar-me,mostrar-me,jogar-me a falar do que faço e também do que deixo de fazer,dos sentidos,das matérias,das coisas cumpridas e percebidas,notadas,feridas...Posso te dar a visão por uma fechadura sim,onde os ângulos não permitirão acesso aos cantos arrumados,os bagunçados,os escuros e claros manifestos do meu ser... Mas não,a chave não.

A chave é o que me faz amar a uma vida ausente de si,que ainda não se encontrou por completo mas que ainda assim,jorra luz. É assim,ela pra mim.É assim,ele pra mim. São assim,tantos pra mim...

E quem garante que eu mesma encontrei... ?Faço-me rir...um riso irônico,ácido e depois desejado leve...

Eu posso ferir-lhe para chamar a minha atenção,mas não quero.Não é justo.Não é nobre aos grandes espíritos alimentarem-se de restos mortais de uma ilusão.

Eu escolho amar, ainda que "cada um saiba amar a seu modo,o modo não importa...importante é que saiba amar".Se eu sei,eu não sei...Mas eu amo,de uma maneira tímida,mas com a tentativa de uma criança que faz os seus primeiros rabiscos no papel de toda uma vida de entrega amorosa e artística...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Achei por aí...



Engraçado que escolhi este título para contar sobre uma espécie de fé que ressurgiu em mim...como se tivesse "achado por aí" essa força inexplicável que desesperadamente procurei e que fico querendo passar a falsa imagem de que simplesmente "achei por aí",como quem tropeça numa pedra num dia qualquer e como se fosse ao acaso,como por uma simples revelação,e não como o copo de água procurado para alguém tão sedenta...

No mesmo dia de me sentir dormindo...horas depois de jorrar as minhas descrenças e indignações...como que por milagre,"uma flor brotou no asfalto",me lembrando de Drummond em "A flor e a náusea"...A mim,veio primeiro a náusea,claro...e insistentemente me deturpou o espírito...

Como quem pega migalhas eu me senti a lançar a mão em busca de um apoio seguro,uma presença que pudesse me iluminar no escuro,na paisagem da imensidão...E ao fim de mais um dia qualquer,em que inimagináveis e invisíveis decisões foram lançadas,o pedaço de pão chegou satisfatoriamente para saciar a minha fome de decisão,atitude,certeza.

É um milagre...hoje,eu fui salva de mim...

(E a quem quer que tenha(m) me dado este milagre...obrigada! :-) )

E para finalizar,uma voz de alguém que encontrei por aí,creio eu,um alguém também sedenta...
"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Eu caminho, desequilibrada, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De ter amigos eu gosto porque preciso de ajuda pra sentir, embora quem se relacione comigo saiba que é por conta-própria e auto-risco. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa (como dizia Clarice Lispector). Se eu pudesse me resumir, diria que sou irremediável!"Marla de Queiroz

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

É mais um dia na terra,e eu estou dormindo...




Eu vejo reações,omissões,adaptações,que são mais equivocadas que uma tarde de sono em dia de semana quando se há tanto trabalho a fazer.Como se pode não ser sensível às injustiças...pessoais,individuais,ou coletivas?

...mas ficar sensível não é me sentir capaz de resolvê-las...e eu olho para certas situações,em que tanta gente envolvida se nega a avançar, que só posso mesmo me sentir triste e agir para que cada um ao meu redor atinja a pelnitude de sua consciência.É,MAS NÃO DEPENDE SÓ DE MIM...

Desistir? Acho que não...

Indignação me corrói um certo hábito de crer.

E costumo brigar pelo que é certo...mas em alguns casos,me sinto pequena diante de alguns gigantes...

Agora,a minha cura é escrever...mas é uma cura única,própria...não é total ainda...e tanta gente permanece doente...não é suficiente,não é suficiente.

"eu não posso tentar te animar,isso está me paralisando agora."

- Ai amiga,que mundo é esse,hein?

O mundo dos condenados.

"As distâncias não são grandes:nós é que somos pequenos...Que culpa têm os espaços siderais?" (Mário Quintana)

Por hoje...só por hoje...saber que mais de uma pessoa pensa nessa nossa pequenez já me conforta.

Os poetas são meu refúgio.Os visionários,os loucos,os sensíveis artistas que buscam construir um mundo novo.

-Como um poeta pode viver tanto????

Pode viver tanto quanto quiser...ao tamanho de suas emoções.

"(DEUS: Acorda-me o corpo, estou cansada de não caber em Ti.)"