sábado, 12 de julho de 2008

E precisa de título? (...sem comentários...)


Te olho nos olhos e você reclama que te olho muito profundamente...
Desculpa.
Tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os abraços,guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade
De eu me inventar de novo.
Desculpa,desculpa se te olho profundamente, rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços,
A ponto de ver a estrada muito antes dos teus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente!"
(DESCULPA - Texto Ana Carolina - Adaptação unindo trechos das obras do poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e do poeta russo Boris Pasternak)

Vejam o texto no show em Curitiba,no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=deMqHtYNKl8

Falas tocantes...


Você já ficou em algum lugar onde ouve coisas que todos concordam menos você?Pois bem,isso geralmente acontece comigo...Não que eu seja sempre do contra,mas continuando com a idéia de "transformação",geralmente tenho pensamentos que entram muito em conflito com "as tradições"...
Impossível eu não citar aqui a fala de um outro grande amigo ao conversar comigo sobre esta sociedade cheia de mudanças...que tão bem entende a importância de sermos "agentes de transformação" e não simplesmente acomodados frente ao que já existe e ao que está como está.Mudanças precisam acontecer...mas quão difícil é mudar se há uma corrente puxando e dizendo que permaneçamos os mesmos...com as mesmas atitudes,erros,medos e inseguranças.Independente de visão religiosa,crenças,vontades...acredito que não nascemos nesta época de transição por acaso...

Lá vai:

"Sobre o certo e o errado; o bom e o ruim; o verdadeiro e o falso - ainda que existam os comentários de outros e de outrem (aliás, eles fazem questão de comentar!), penso que você seja capaz de discernir e optar entre um e outro. Ouvir os outros vale a pena, contudo, somente até um instante em que o seu crivo permita.A moral (o que é certo e o que é errado) está estabelecida e não é um jogo que dependa de mim ou de você. Ela existe e acabou. No entanto, e por nossa sorte, a moral pode ser pensada. É aqui que entra o seu senso racional e crítico. A isso dá-se o nome ÉTICA!
Jose, minha querida, você já teve todas as aula sobre vôos. Voe!Puxa, estica, retraia, solte... é você e somente você.

Quanto mais livre você for, mais liberdade você exigirá para si mesma."


Devemos mesmo deixar que os medos e inseguranças cresçam a tal ponto de forma que não sejamos "agentes de transformação" aqui neste mundo? E se eu acho que estou aqui justamente para ser uma?

Repetindo...

Jose, minha querida, você já teve todas as aula sobre vôos. Voe!Puxa, estica, retraia, solte... é você e somente você.

Quanto mais livre você for, mais liberdade você exigirá para si mesma.

Sociedade em transformação


É o início do século e,como não poderia ser diferente,os conflitos entre o que foi,em outros tempos,estabelecido,e o novo(que espera encontrar o seu lugar)nos ataquem de repente,nos momentos que menos esperamos. Lidar com cada conflito é só para quem tem jogo de cintura ou,quem sabe improvisar muito bem.
Tantos subitamente me cercam,de muitos não saio ilesa,mas em todos eles procuro refletir a respeito,lembrando-me daquele já citado conceito de história que uma professora da quinta série ensinou e tão bem gravei:"estudar história é importante pois conhecer o passado nos faz entender o presente e assim,tentar mudar o futuro".
Mudar...
Quanta gente tem medo disso? Incontáveis...
Espiritualmente falando estamos em uma nova era,a de Aquário,onde somos os responsáveis por nossos atos e chegamos a um ponto de "humanidade" que devemos decidir entre transformar os nossos erros em acertos...desde os erros ambientais,quanto sociais,profissionais,familiares ou de qualquer ordem que envolva a vida.
Humanamente falando,é o caos...Pais,filhos,pessoas perdidas frente a coisas como o homossexualismo,drogas,comunicação em massa,informação rápida e tantas vezes distorcida. Engraçado é observar aqueles que têm medo de falar abertamente sobre tais assuntos,com respeito ao outro,sem tentar convencê-lo de qualquer ponto de
vista e buscar a unidade dentro de todas as diferenças.
Recentemente me vi envolvida em um debate sobre "expor-se" ou não,"manter contato" ou não ,"mostrar" ou "não mostrar" coisas pessoais em ferramentas como orkut,MSN,e por aí afora. A idéia de perdermos a privacidade,como já mostrava George Orwell em seu 1984 e o seu "Big brother" é inquietante e gritante de uma tal forma que as pessoas preferem ignorar outras,esconder o que "classificamos"como pessoal,particular, ou coletivo,geral...Apelos não faltam e existem aos montes os dramas e as desgraças de quem "se expôs" demais e acabou pagando caro por mostrar
dados pessoais nesta rede em crescente mutação. Sequestros,ameaças,infâmias,mentiras,montagens...sim,sim,sim...tudo existe.Tá,é fato.Mas e daí? Por isso devemos nos cercar de todos ao nosso redor e deixar de sermos transparentes e falar da vida por inteiro,como ela é,com alegrias,tristezas,morte,vida,problemas? É tanta desvantagem ser transparente e dar um voto de confiança aos outros e assim compartilhar e ajudar aos que passam por conflitos tão intrínsecos que não fazem idéia de como sair? Vamos então voltar à Idade Média e regredir,fechar as nossas casas como nos antigos castelos de muros altos e fortalezas,barricadas que nos permitam depois guerrear contra aqueles que "invadirem a nossa privacidade"? Será que de guerras já não estamos cheios? Por quanto tempo vamos errar?
Sempre falo em bom sensoe quanto a esse assunto não é diferente.
Se tanto me amedrontaram já por causa das "exposições" a que me submeti e também
com as "ameaças do orkut",não devo esquecer que por causa desta mesma "exposição",
muitos já me deixaram extremamente felizes por depositarem em mim confiança o suficiente para compartilhar problemas e resolvê-los,junto a mim,com menos dor e mais aprendizado.
Eu já tive medo,eu já me escondi e já andei por esta rede de forma oculta...até o dia em que comecei a observar a grandeza dos danos causados pela omissão.
Pessoas que vigiam todos os seus tipos de relacionamento com aquele ultrapassado intuito de manipular e possuir formas de punir a atitude do outro quando estas levam a qualquer outro lugar que não o ego de quem manipula...Casamentos desfeitos,confianças abaladas,quebradas...destruídas. Não é teoria,é por passar pela experiência que hoje penso:se a privacidade é extremamente importante por nos permitir a liberdade de sermos quem somos,igualmente o envolvimento com a vida e as pessoas também é. Omitir-se e preservar-se a ponto de não conhecer coisas tão vastas nesta rápida existência é,no mínimo,degradante ao ser humano,divino,mental e espiritual que existe em cada um de nós.

E como bem diz um grande amigo meu:
E um dia você constatará que tudo era simples demais, mas também constatará que não há tempo para mais nada. (ED)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Bilhete sem réplica.


Querida Mamãe,Minha Criadora:

Vou sair lá pelas 19 para viajar para dentro de mim mesma.
Volto aos 27.
Não se preocupe que levarei minha insegurança e voltarei com ela refeita.
A carona é garantida pelo Pai dos meus medos.

Beijos,
de seu amor próprio,
"EU"

Venda sua carência pela bagatela de seu amor próprio.


Notável.
Um pessoa apóia-se em outra,concede-lhe todos os direitos perante sua vida,permite a ela que saiba de todos os seus sonhos,desejos,medos e até frustrações. Caminham assim,lado a lado,como muletas que sustentam um "amor" infinito,eterno,único e tudo o mais.Apoiando-se a elas,desenvolvem a dependência,tantas vezes também chamada de subordinação voluntária,em que as partes se prestam explicações,justificaticas,e rendem tributos altíssimos como a própria liberdade de ser quem se é,esquEcendo-se e anulando-se em nome do outro.
É meu amor pra cá,lindinho pra lá.Se você não for eu não vou. Se você fizer isso eu me magoarei.Se trouxer aquilo será o fim.Se agir dessa forma não gosto mais de você...Hum,e se uma das partes declarar independência,e por um momento não mais apoiar a carência extrema,o relacionamento(lógico!) acaba.
Ao reler tais palavras imagino os múltiplos olhares de horror quando lerem algumas "verdades"(Tá,a verdade é relativa e o que pode ser verdade para mim não é para você...sei disso!). Como pode alguém que não me conhece,julgar-me,classificar-me,adequar-me assim a esta classe de um carente subalterno?
Bom,tudo é questão de observação intínseca. É questão de admitir a própria experiência em que tanto de meu ser foi oferecido sem que eu mesma olhasse para mim e desse o real valor que cada ser deve dar a si próprio,por sua singularidade,particularidades,unidade...
Basta passear um pouco pelo mundo virtual,ou até mesmo pelo real,e olhar com olhos atentos as manifestações dequem já sentiu na pele o fim daquilo que um dia se chamou eterno. "AMIZADE ETERNA? PURA "BALELA!" "QUE SEJA ETERNO ENQUANTO DURE."
Assumir a vida sem ter barrancos de apoio e olhar-se,como uma ser divino em potencial,capaz de amar-se primeiro e antes de tudo,todos e qualquer coisa que fuja a isso para só depois,ofertar o sincero amor para alguém .
Transfira-se estes dizeres também para quaisquer outros tipos de dependência,como aquelas que existem entre familiares,entre amigos,...qualquer dependência que sufoque.
Enquanto não se tem a liberdade para seguir o seu ritmo,entender,aceitar(para poder transformar) e conhecer a fundo seus defeitos e suas limitações, de forma que caiba somente a você e com toda sua percepção redefini-las,nada será amor...aquele amor incondicional,aquele amor amplo de abraçar os erros e não manipular o outro, aquele amor de entrega que não visa seus próprios interesses ou vise apenas suprimir carências antigas de uma alma em evolução.Ou involução,daí é da preferência do cliente no varejo ou da valorização ou desvalorização das moedas que valem sua alma.
Como dizia uma antiga frase de impacto para mim:"O barco está seguro se permanece no porto,mas não foi feito para isso".
O barco não está cumprindo com sua função se permanece atrelado ao porto.Está desperdiçando o motivo para existir.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Em expansão...? Ou dispersão...?



Nem sempre nos é muito fácil conviver com tantas pessoas ,dia a dia,olhando nos olhos delas e percebendo que dali saem reclames de atenção,que levam no bolso um guia chamado espelho e tanto se preocupam em decifrar perante ele os defeitos que a maquiagem corrige que esquecem de olhar para onde o espelho não alcança: o interior e a essência,os desajustes que o Ser único e o ser perante os outros clamam por reparos.
Abro o jornal e me deparo, letras grandes e vermelhas,o título:Use a beleza como arma de sedução. Ah,pras cucuias!
É importante cuidar-se,sentir-se bem,estar bonito(a)? Sim,óbvio. Mas tudo que é demais sobra...
...Tantas garotas e garotos nem bem formados já se preocupam e perdem demasiado tempo em colocar o brinco,a marca ou o "look" do momento para atrair algum outro ser,que também está em formação e por isso ainda não pode compreender a importância de construir-se,edificar propósitos,sentidos e significados pessoais,que...embora co-dependentes de outros seres é pessoal e intrasferível.
Estou cansada de observar pessoas que incansavelmente se auto-observam.
Estou cansada dos motívos fúteis para uma existência única e quero os grandes questionamentos,quero o abismo,a brasa que queima e arde quando nossas dores nos são tão grandiosas que é preciso parar e verificar o significado da vida. É, ele não está no dicionário.
Ampliar está relacionado a tal sentido,expandir os olhos "além do que se vê",procurar nas coisas informes ou mesmo disformes aquilo que ainda não foi estabelecido e alcançar a liberdade de quem realmente É.
Deslocar-se de si mesmo é o maior risco que alguém pode cometer.
Eu me sinto tantas vezes tentada a nele incorrer,mas logo me lembro do tamanho dos enganos,frustrações e da dor que podemos ter quando fugimos de quem somos...seja lá o motivo:carência,medo,insegurança.
Internet,sociedade,cotidiano e vida afora mostram estampado em tantas testas o tal do "olhem para mim,me queiram,me desejem".Mas o que de fato fazem para serem amados?
Hoje em dia a maior lei em vigor é exigir do outro...É esperar que o outro nos venha com as ações e soluções...quando nos basta mudar o foco de visão de nosso próprio umbigo para nossa vida interior.
A transformação parte da gente!
De dentro de mim saem as sensações de pavor e aflição ao notar que tanta gente ainda caminha para os perdidos caminhos do demasiado zelo da auto-imagem,em detrimento da corrosão interna ,do superficialismo e da falta de opinião.
É aos meus olhos um grande escândalo a superestimação dos méritos físicos, da vileza da superfície, da indignante reafirmação daquele sentimento de auto afirmação.

A tais pessoas,o meu nojo,o meu vômito,os meus pêsames!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Onde levam certos limites...

Estava cansada...Seu corpo cheirava a horas de exposição a pessoas,fatos,falas e explicações.Levava uma dor pelo papel no sapato que deveria ajudá-la a se encaixar naquele número.Não adiantou. Pela manhã caminhou com as dores,enquanto outros papéis lhe doíam na consciência,carregava aquele sapato-pedra a que se submetera por causa do frio.
Colocou-se a observar,simplesmente.De onde vinha aquela alegria gratuita de pessoas aparentemente inferiores a ela,de classes sociais,econômicas e culturais minoritárias...?Os simples trabalhadores do comércio,dos postos de gasolina...a olhar-lhe e oferecer-lhe serviços com uma brincadeira e dar-lhe o troco como se fossem milhões.De onde poderia ter surgido toda essa força para os que firmemente trabalham e ainda encontram formas de sorrir? O operador que,pela roupa suja de óleo ou graxa,não pude distinguir ...era sei lá .Mas estava a cutucar o ombro do amigo e a esconder-se levadamente para que o amigo procurasse quem fizera aquilo.Bela cena!As mãos sujas não impediram os cumprimentos e o sorriso de reencontrarem-se. Suas próprias forças pareciam se esvair om trabalhos árduos,assim como acontecia com a alegria...mas de repente estava ela ali,tendo o espanto da alegria inusitada,com os papéis no sapato e na cabeça,a esvoaçarem e,numa tentativa de não deixá-los fugir,repisava e revisava todos os afazeres ainda a serem cumpridos. E para quê?
Ah,as marcas.Elas ficam.(Ficam?) Ao menos a palavra dos fortes e sábios sobrevivem a séculos.Mas onde estava a sobrevivência de seus atos diários?Nos testes que além de tudo lhe chegavam depois das horas de entrega do que considerava o seu melhor?
Acreditava vez em quando que sua parte contribuiria para a grande transformação. Aquela,onde seres e matérias e práticas se integram e absorvem esta alegria natural e espontânea dos que vivem para servir...Aquela,onde os quesão servidos não sentem incômodo ou tristeza por isso,mas dispõem-se a ajudar e tornam-se todos,servidores e servidos. [...]
Guerreiros serviam a seus mestres...Descobrira por acaso que os antigos samurais também tinham por significado em tão honrado nome a palavra servir.Mas,e os mestres,servem a quem? É mesmo servidão incondicional quando se chega a limites de paciência e solidão?
Tantas visões e aprendizados nada significavam para aquele alegre frentista...para a alegre senhora que cedia-lhe a passagem,para os alegres anônimos que por aí espalhavam sua simples alegria tão desejada.
Desenfreada estava ela a soltar seus papéis.Os da responsabilidade,o de anulação,o de compromissada demais por aquilo que considerava tão certo mas...não tinha alegria.
Papéis lhe eram dados o tempo todo.Resistia.Tropeçava com o sapato que insistentemente lhe saía do pé.Mas persistia ainda mais e botava-se a caminhar...fosse pelo orgulho,pela teimosia,ou pela simples pretensão de não se saber quem era.Tantos lhe mostravam e indicavam caminhos que sedentamente percorrera.
Viveria no futuro do pretérito?Ou libertaria-se para aquela alegria dos que não medem o tempo,mas sim,a intensidade com que vivem suas vidas?